O que realmente acontece quando corremos?

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Quando corremos, cada passada testa nosso corpo. Se entendermos os problemas e desafios específicos que encontramos como corredores, podemos estabelecer um plano que melhor nos prepare para tal demanda.

A sensação de correr nos distrai do que acontece ao corpo em cada passada. O coração acelera e sentimos o suor escorrendo à medida que a temperatura corporal aumenta. Sentimos o vento no rosto e sensação de liberdade. Essas imagens são as que vêm à nossa cabeça e elas são reais, mas enquanto nosso motor – coração e pulmões estão funcionando perfeitamente em sincronia, nossa estrutura – o chassi – está sob uma tremenda sobrecarga ou stress, fisicamente falando.

A cada passada, nosso corpo é obrigado a lidar com 2.5 a 3x o peso do corpo. Imagine-se ereto com os dois pés no chão. Seu peso está distribuído metade em cada perna. Agora se equilibre em apenas uma perna e temos 100% do peso nela. Agora pegue uma barra de ferro e coloque 150% do seu peso corporal nela e apoie nos seus ombros e continue se apoiando em apenas uma perna. Este é o quanto de sobrecarga os ossos, tendões, ligamentos e cartilagens sustentam a cada passada que damos.

Sempre nos foi dito que correr é uma pequena sobrecarga aplicada ao corpo por um longo período de tempo. Pena que seja uma grande inverdade. Podemos dizer que correr é uma grande sobrecarga agindo sobre o corpo por um longo período de tempo. Complicando ainda mais nossa capacidade de lidar com esta sobrecarga, a corrida não é uma atividade feita em apenas um “plano” – o para frente. Além das forças verticais temos também que lidar – a cada passada – com as de forças de frear e acelerar que chegam a 40-50% do peso do corpo. Por isso nosso corpo é “jogado” lateralmente em cerca de 15%, em condições ideais (logo, para você, para mim e a maioria, mais do que isso), do peso apenas pelo esforço de correr. A corrida cria grandes forças de todos os lados – literalmente – a cada passada e a cada pisada.

Esta sobrecarga que age sobre nós é mecânica, mas a resposta de nosso corpo não é apenas mecânica. Quando jogamos uma bola de borracha no chão, ela se comprime e ela faz o rebote dependendo da massa e densidade da borracha que ela é feita. Mas o mais importante no caso, ela sempre tem seu rebote de acordo com a energia e sentido que a jogamos, isto é, ela á passiva.
Já nosso corpo, ao “cair” de volta ao chão depois de uma passada, tem de se ajustar à esta sobrecarga mecânica através de várias partes do corpo, todas coordenadas pelo sistema neuromuscular, para ativamente responder às forças impostas e reagir da maneira que desejamos, isto é, continuarmos no sentido e velocidade que queremos. Ativamente significa usar os 3 sistemas de movimento: estruturas de articulação, músculos e cérebro.

Estes 3 sistemas trabalham em conjunto em toda passada que damos. Cada um deles têm funções específicas para modificar a qualidade da passada, que é o ponto inicial do texto. Corredores em geral têm foco, quase obsessão, por volume. Maior quilometragem obviamente impõe maior sobrecarga mecânica nas articulações. “É trabalho do corpo produzir uma resposta eficiente ao desafio que é controlá-lo perante a demanda mecânica imposta a ele”.

Um “programa” de movimento ineficiente significa controle do corpo ineficiente. Quando alguma parte do corpo “se cansa” das demandas impostas a ela, as lesões aparecem ou comprometem a performance em treinos ou provas.
Ou seja, a forma com que lidamos com as demandas mecânicas da corrida dita como e quão bem respondemos a elas. “Se você pretende colocar seu corpo sob toda a demanda que ser um atleta requer, então é seu trabalho ajudá-lo.”

“Você treina ou você só corre?”
Bons e inteligentes treinos!!!

Fábio Pierry Ass. Esportiva
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