Marcelo Crestani: a vida dedicada ao ciclismo

Entrevista exclusiva com uma grande personalidade do MTB mato-grossense

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A bicicleta esteve presente desde sempre na vida do Marcelo. Proprietário de uma bicicletaria e atleta de Tangará da Serra, Crestani nos conta um pouco sobre como tem sido a convivência com a magrela ao longo de seus 42 anos.

O INÍCIO

“Comecei no esporte por causa da pobreza mesmo. Eu nasci pra ser atleta e meus pais não me ensinaram a jogar bola. Eu pedalava desde a juventude e a bike foi consequência de tudo, era um dos esportes mais acessíveis na época”, explica.

Aos 14 anos tornou-se mecânico de bicicleta e chegou a trabalhar em lojas diferentes. “Eu também competia de forma amadora, disputando campeonatos, tendo inclusive conquistado vários estaduais e um regional. Minhas lembranças mais insanas são da época de juventude. Juntava a molecada em cima de uma F-4000 e rasgava esse Mato Grosso. Muitas vezes debaixo de chuva e frio, já passamos muitos perrengues por causa da bike. Já chegamos a ir à Barra do Garças dentro de um ônibus circular”, relembra.

O tempo passou e em 2009 a bicicleta voltou a ser protagonista na vida de Marcelo. “Abri a loja Big Bikes e assim voltei ao cenário esportivo. Sigo desde então como empresário e também ciclista”. Afirma.

PREFERÊNCIAS

“Prefiro o MTB por ter mais a ver comigo a natureza, o cheiro do mato, o cantar dos pássaros, etc. Adoro circuitos técnicos, trilha, lama e single track. Esse tipo de contato não existe na Speed. A diferença é a velocidade. A Speed é mais rápida, uma sensação diferente, porém com um pouco mais de risco”, explica Marcelo.

Hoje o atleta pedala uma Orbea Oiz full suspension para a MTB e uma Audax Ventus para o ciclismo. “A minha MTB dos sonhos é uma Canyon full e minha Speed preferida é uma Trek”, confessa.

A ROTINA DO ATLETA

Em relação a alimentação ele afirma que não segue uma dieta muito rígida. “Mas também não sou de exageros. Antes de uma prova como no máximo meio pão e uma xicara de café preto. Meu cuidado especial é em véspera de prova, evito comidas pesadas e carnes”.

Todos os dias ele gosta de praticar atividades física para se manter afiado. Então intercala Cross Fit com Speed durante a semana, já aos sábados e domingos faz longos pedais no MTB.

“Sempre saio para um treino semi preparado, ou seja, com capacete, luvas, roupas adequadas, sapatilha, um selante para caso fure meu pneu, um jogo de chave Alen, uns géis de reserva para caso necessite, duas garrafas de água e uma paçoca ou bananinha”, explica.

Perguntado sobre ouvir música enquanto pedala ele é categórico. “Não uso fone de ouvido porque prefiro ouvir a natureza e para ouvir quando vem veículos. Acho um item muito perigoso”, ensina Crestani.

COISAS DO MOUNTAIN BIKE

A situação mais inusitada que já aconteceu ao atleta foi numa prova do Suba100, na Bahia, onde fazia dupla com o filho, Marcelinho. “Estávamos liderando a prova e o Marcelinho apesar de andar melhor do que eu naquela época, sentiu um pouco a pressão de disputar uma prova grande. Numa curva ele deslocou o pneu e tivemos que fazer um reparo urgente para seguir mesmo com os pneus com pouca pressão”.

“Largamos para o segundo dia numa etapa com mais de 100 km com o mesmo pneu já comprometido. No meio da prova ele abriu de vez. Tivemos que sacar o pneu e retirar a válvula tubeless, que por sinal era rosqueada. Peguei uma pedra e me virei para expulsar aquela válvula dali. Colocamos a câmara de ar e seguimos. Uns 20 km depois o pneu estourou. Aí meu filho entrou em pânico, bateu um desânimo. Porque não tínhamos mais câmara reserva e nem CO2. Foi quando o Fernando Raia e a Fran passaram em alta velocidade e pedi pra ele jogar uma câmara e um CO2. Aí o Marcelinho me perguntou: como você vai arrumar se o pneu estava rasgado? Olhei para um cerca de arame farpado e parti em direção à ela com a câmara nas mãos. Cortei ao meio e envolvi todo o pneu, enchemos ele e partimos. Concluímos a prova em terceiro lugar ainda. Acredite se quiser, encostamos a bike após a linha de chegada e o pneu esvaziou em segundos, foi por Deus que concluímos essa prova”, relembra.

Marcelinho é um grande atleta. Por isso, perguntamos qual a receita para trazer o filho para o esporte. “É preciso ter paciência. Não cobrar muito e identificar realmente se ele tem talento e gosta do esporte. Mas mesmo assim, caso ele não venha a ser um campeão, você já estará livrando-o de muita coisa ruim que as ruas têm a oferecer”, ensina Marcelo.

PRINCIPAIS PÓDIOS

Perguntado sobre as vezes mais marcantes que subiu ao pódio ele afirma. “Iron Biker, sendo o primeiro atleta de Mato Grosso a subir no pódio da prova. XTERRRA Ilha Bela, XTERRA Chile, XTERRA República Dominicana. Essa por última foi muito doida e uma das conquistas mais especiais. A medalha de bronze no Pan-americano de XTERRA em 2019”, relembra. Para o futuro, a prova dos sonhos é La Leyenda, na Colômbia.

FAMÍLIA ULTRA!

Marcelo Crestani participou desde a primeira corrida multiesportiva organizada pelo ULTRAMACHO, em 2012. De lá para cá muita coisa mudou, mas ele segue participando, já tendo conquistado pódios não só nas provas de MTB, mas também nas Trail Runs e até no Cross Duathlon.

“Tenho muito orgulho de fazer parte do ULTRAMACHO desde o início. Sigo até hoje incentivando pessoas a participarem do evento. O que me motiva é o prazer pela disputa, a adrenalina de alinhar na largada, ouvir aquela trilha sonora que faz a pele arrepiar, o sangue fluindo nas veias, adoro ultrapassar gente e adoro ouvir a voz da locutora quando estou chegando ao fim de uma prova, é um alivio que você nem imagina”, brinca o atleta.

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