Inspiração: Carmencita completa 70 anos

Conheça os segredos da triatleta

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Entrevista em 2014

Corre, pedala, nada, rema, voa, resgata animais e é uma das grandes referências do esporte feminino em Mato Grosso. No dia 12 de junho Carmencita da Silva Cruz Hokumura completou 70 anos. Para comemorar a data publicamos aqui a entrevista que ela deu a nossa revista ULTRAmag em 2014. Apesar de terem se passado seis anos da entrevista o ritmo de treino e participação em eventos continua o mesmo. Confira!

“Não me importo com a posição, só quero ficar na frente da Carmencita”. Esta é uma das frases mais folclóricas dos eventos do ULTRAMACHO. Tudo porque a atleta Carmencita  costuma deixar muitos competidores comendo poeira.

Mas o que leva tantos participantes a considerarem esta jovem a mais tempo uma grande inspiração?

A atleta participou de todas as etapas do ULTRAMACHO. Já trocou de parceiros algumas vezes e testou seu limite em competições de 30k e 50k. Em ótima forma física seus resultados falam por si. Já pegou pódio duas vezes e está sempre bem ranqueada. Talvez por causa da idade, 64 anos, ou dos visíveis cachos brancos possa aparentar uma certa fragilidade. Mas isso passa muito longe da realidade. A ideia de produzir esta entrevista é justamente para desmistificar o conceito de que pessoas com mais de 60 anos não podem praticar esportes em alto nível.

Onde você nasceu?

Eu nasci no Rio de Janeiro em 12 de junho de 1950. Tenho quatro filhos e sou viúva. Vim para a Região Centro Oeste em 1980, para fazer horas de voo, pois havia tirado o brevê para piloto comercial. Trabalhei muito com garimpo em Mato Grosso e no Pará. Todo garimpeiro achava que para pousar em clareira de 300 m tinha que ser macho. Eu quebrei este tabu. Depois do garimpo, atuei na aviação comercial por muitos anos na empresa TABA (Transportes Aéreos da Bacia Amazônica) e por fim trabalhei a serviço da Retificadora Cometa.

-Como começou no esporte? O que te motivou?

Eu, desde criança brincava de correr, competíamos para ver quem era mais veloz. Quando ia para praia só ficava na água, só saia para voltar para casa no fim do dia. Este habito eu mantive durante toda a adolescência. Quando me perguntavam o que eu gostava de fazer, a resposta sempre a mesma: correr, nadar e andar de bicicleta. Participava das corridas rústicas, como eram chamadas as corridas de rua, no Rio de Janeiro. Corria no Parque do Aterro do Flamengo. Já adulta e casada continuei os treinos, inclusive levava meus filhos junto ou acordava muito cedo para ter tempo de treinar. Nesta época quase ninguém corria nos parques, muito diferente de hoje que há tantos corredores. Mais tarde fiz os cursos de aviação e também de paraquedismo.
Mudei para Mato Grosso na década de 1980. Continuei correndo e depois, por conta de uma lesão comecei a nadar. Foi natural o caminho para o triathlon. Já participai de muitas competições e inclusive fui para o Mundial em Londres, onde fui a única mulher a representar o Brasil na minha categoria.

-Como é o seu treino?

Treino todos os dias. Levanto às 5h, me alimento e sigo a planilha de corrida já preparada pelo meu técnico. A tarde alterno entre pedalar (40-60 km) e nadar (3 mil metros).

-Como é a sua alimentação?

É balanceada em frutas, legumes e cereais. Não como nada de origem animal (carne, leite, manteiga, queijo, ovo e etc). Como tudo natural, orgânico se possível. A proteína que precisamos está no arroz com feijão, tudo o que necessitamos está nas frutas.
-Qual sua opinião sobre o ULTRAMACHO e os competidores que se inspiram em você?
É muito bom saber que sou um incentivo para eles baixarem seus próprios tempos. Em relação ao ULTRAMACHO vejo como uma boa oportunidade de fazermos uma nova modalidade esportiva como a canoagem. Eu nunca tinha pensado em remar um caiaque inflável, duck, em rios com corredeiras. A forma como o evento é montado é muito legal, pois temos os obstáculos naturais. Antes de fazer o primeiro eu não havia me imagino participando. É diferente do triathlon que gosto muito também.

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