Mulheres que se exercitam regularmente sentem menos efeitos do ciclo menstrual

Estudo feito com mulheres de vários países também destaca falta de orientação e debates sobre o assunto ao redor do mundo

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Uma pesquisa global em relação a mulheres ativas fisicamente mostrou recentemente um impacto positivo do exercício físico sobre os sintomas do ciclo menstrual. Uma equipe de pesquisadores da St. Mary’s University, no Reino Unido, e do aplicativo FitrWoman analisou as respostas de mais de 14 mil mulheres usuárias do Strava, rede social para quem pratica atividade física, em todo o mundo. O estudo revelou que 78% das usuárias acham que a atividade física reduz os sintomas do período menstrual. Entre as mulheres que responderam à pesquisa estão 2.011 usuárias brasileiras da plataforma.

Participaram do estudo 14.184 pessoas, liderado pela Dra. Georgie Bruinvels, da St Mary’s University e co-fundadora do aplicativo FitrWoman. Os entrevistados da pesquisa eram membros do Strava, a rede social para atletas, do Brasil, Reino Unido, Irlanda, Estados Unidos, França, Espanha e Alemanha. Os resultados mostram que as mulheres sentem que o exercício de intensidade moderada (categorizado como “respiração difícil, porém capaz de manter uma conversa”) é mais eficaz no combate aos efeitos hormonais do ciclo menstrual.

Os sintomas mais comuns citados foram cólicas, dor no peito, alterações de humor e fadiga. Esses e outros sintomas resultam, de acordo com a pesquisa, no fato de que 69% das mulheres, em algum momento, já se sentiram forçadas a mudar a rotina de exercícios e 88% também sentem que o desempenho nas atividades físicas é pior em algum momento durante o ciclo menstrual. Além disso, no mundo, uma em cada três mulheres já perdeu dias de trabalho por conta do ciclo menstrual. Número que no Brasil é mais alarmante, ultrapassando os 40%.

Há, entretanto, notícias positivas. Das 14 mil mulheres entrevistadas, as que atendem às orientações de exercícios da Organização Mundial de Saúde e comem cinco ou mais porções de frutas e vegetais por dia têm menor probabilidade de perder dias de trabalho devido aos sintomas do ciclo menstrual. Da mesma forma, quem se recupera melhor, isto é, descansa o corpo e dorme bem, ações importantes, assim como uma melhor qualidade e maior duração do sono, também associados à redução dos sintomas.

A pesquisa foi realizada em parceria com o Strava, rede social para atletas, e a FitrWoman, o aplicativo de acompanhamento de ciclo menstrual e exercício físico. Os 39 milhões de usuários do Strava no mundo englobam uma das maiores comunidades de mulheres ativas do mundo. Em dezembro do ano passado, a rede alcançou a marca de 2 bilhões de uploads de atividades físicas – que incluem desde corrida e ciclismo, até yoga e exercícios de ginástica.

A líder do estudo, a fisiologista do exercício Dra. Georgie Bruinvels, também co-fundadora da FitrWoman, se propôs a ajudar as inúmeras mulheres com quem falou durante sua pesquisa que veem o ciclo menstrual como uma barreira ao exercício regular ou que não tinham certeza se era saudável e seguro se exercitar em certos pontos do ciclo.

– Queríamos iniciar uma conversa importante sobre o exercício, o ciclo menstrual e outros fatores do estilo de vida que capacitariam todas as mulheres a trabalhar com o corpo, e não contra ele. Queremos que as mulheres se sintam à vontade para discutir algo que é muito normal e natural – afirmou Bruinvels.

Um dado alarmante é que, globalmente, 72% das mulheres relataram não receber educação sobre o exercício e seu ciclo menstrual. Neste aspecto, o Brasil aparece melhor na pesquisa, com aproximadamente 60% das mulheres relatando tal problema, ainda que seja um número consideravelmente alto. Como comparação, no Reino Unido e na Irlanda o número salta para 82%.

– Não há fóruns públicos suficientes para discutir abertamente o ciclo menstrual e a dor das atletas mulheres. Como a maior comunidade global de mulheres que praticam atividade física, o Strava se orgulha em ajudar a melhorar a compreensão das conexões entre mente e corpo, e entre a dor do período menstrual e o exercício físico. Estamos determinados a usar nossa plataforma para destacar como a falta de educação e discussões está impedindo um futuro mais saudável ​​para as mulheres. Os dados mostram que aquelas que receberam alguma educação tiveram bem menos probabilidade de diminuir seus exercícios durante a puberdade – quando tantas meninas e jovens param de praticar esportes – ressalta Stephanie Hannon, Diretora de Produtos do Strava.

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