Dor Lombar: o que é, quais os tipos e como tratar

A dor lombar não é uma doença, propriamente dita, mas um sintoma de problemas clínicos diferentes, confira.

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A dor lombar ou lombalgia costuma afetar 90% da população (cerca de 3 a cada 4 pessoas) em todo o mundo e requer maior atenção, pois seus sintomas se não forem tratados corretamente podem causar danos permanentes e prejudicar muito a qualidade de vida da pessoa.

Por ser a mais comum das dores nas costas, a dor lombar costuma afetar não apenas pessoas de idade mais avançada, mas também os mais jovens por conta do número de horas que passamos sentados durante as longas jornadas de trabalho ou em uma postura incorreta. No entanto, de acordo com a Revisão Sistemática realizada pelo JAMA – Jornal da Academia Americana de Medicina, investir na prevenção com a adoção de uma rotina saudável com a prática de exercícios físicos regulares, alimentação saudável e boa postura é ainda a melhor maneira de evitar o problema.

Mesmo assim, não há garantias de que não teremos, pelo menos um episódio de dor lombar em algum momento da vida. Nesse caso, o artigo a seguir irá explicar o que é lombalgia e como tomar algumas medidas simples e utilizar de vários tratamentos que podem ajudar a aliviar os sintomas causados por esse problema.

Dor lombar ou Lombalgia: O que é?

A dor lombar ou lombalgia é o conjunto de manifestações dolorosas que acometem a região inferior da coluna vertebral (coluna lombar), próxima à bacia. Ou seja, a dor lombar não é uma doença, propriamente dita, mas um sintoma de problemas clínicos diferentes. Dessa forma, a dor lombar pode estar sendo desencadeada por inúmeros fatores, inclusive localizados em outros pontos do corpo (dor referida). Essa dor pode ser de dois tipos: aguda ou crônica.

Dor lombar aguda: a dor costuma ser aguda e intensa, súbita (geralmente após um esforço físico), desaparecendo pouco depois. Ou pode durar de 4-6 semanas, e ser causada por um mau jeito na coluna ou então espasmos musculares que produzem rigidez nos músculos da região próxima ao sacro (entre a última costela e as nádegas). A dor costuma piorar ao fazer qualquer movimento com o corpo, mas não requer tratamento;

Dor lombar crônica: apesar de ser menos intensa, é mais persistente e pode durar por mais de 3 meses até uma vida toda. Embora mais comum acima dos 50 anos, pode ocorrer em todas as idades. Ela é multifatorial e costuma indicar um problema bem mais grave na coluna vertebral. Normalmente, há queixas de travamento da coluna, limitação na flexão anterior da coluna, dor e limitações nos primeiros movimentos pela manhã. Sendo assim, requer tratamento médico.

Segundo dados divulgados pelo National Institute of Neurological Disorders and Stroke dos Estados Unidos, aproximadamente 20% das pessoas afetadas por dor lombar irão desenvolver dores crônicas, que depois do resfriado comum, é o problema de saúde mais comum na população mundial.

Dor lombar: Principais Sintomas

A depender do tipo de dor lombar, aguda ou crônica, os seus sintomas podem ser vários. Assim, os sintomas da dor lombar irão variar de acordo com o estilo de vida do paciente e de outros problemas clínicos que podem estar causando estes sintomas. Mas, os mais comuns são os seguintes abaixo:

  • Sensação de queimação ou “choque” na região lombar;
  • Incapacidade de ficar de pé ou de se movimentar livremente (coluna “travada”);
  • Irradiação da dor para as pernas (ciatalgia);
  • Dor intensa e aguda, incapacitante ou persistente.

Se a dor lombar durar mais que 12 semanas, normalmente já pode ser caracterizada como lombalgia crônica e é bem mais difícil de ser tratada. Geralmente, dores lombares crônicas requerem tratamentos clínicos mais específicos em centros especializados em dor, com equipe multidisciplinar formada por neurocirurgião, reumatologista, fisiatra, ortopedista etc.

No entanto, independentemente do grau e da duração da dor, recomenda-se procurar um especialista nos primeiros sinais dos sintomas, para que ele possa avaliar a gravidade do problema e iniciar logo o tratamento para aliviar esses sintomas.

Dor lombar: Principais causas

Há uma série de fatores que podem desencadear dor lombar. No entanto, é raro associar a dor lombar a doenças graves na coluna. Ou seja, a causa mais comum entre 9 em cada 10 pessoas que sofrem com o problema é o envelhecimento a partir da degeneração natural das articulações, discos e ossos da coluna com o passar da idade.

Por este motivo, a dor lombar crônica é bem mais comum em pessoas mais velhas, cujas estruturas da coluna já passaram por décadas de uso. Além disso, muitos casos de dor lombar são de natureza mecânico-degenerativa, isto é, causada por uma alteração funcional de alguma parte da coluna, ou encurtamento dos músculos – sobretudo os lombares, posteriores da coxa e os músculos da perna.

Apesar de pouco frequentes, há casos também em que a dor lombar é causada por outros problemas mais graves, como inflamações/infecções; hérnias de disco, artrose ou escorregamento de vértebra; obesidade; tumores; síndrome da cauda equina; aneurismas; fibromialgia e pedras nos rins.

Outros fatores de risco para o desenvolvimento de dor lombar, incluem: tabagismo, sedentarismo, falta de descanso adequado, lesões esportivas, gestação, fatores genéticos e até questões emocionais. Vamos descrever, a seguir, alguns desses fatores:

A má postura como principal vilã

A má postura é um dos principais fatores de risco para o desencadeamento e até agravamento do problema. Hábitos incorretos de postura ao deitar, sentar ou realizar qualquer atividade do dia a dia podem acarretar em problemas na coluna. Isso explica o aumento da parcela da população jovem nos dias de hoje com dor lombar, que costuma passar horas sentadas em frente ao computador. Situações repetitivas, como ficar horas em uma mesma posição, podem acarretar dores crônicas muito antes dos 40 anos. Sem falar que a tensão, o estresse da vida moderna, a rigidez dos músculos, aliada a um desequilíbrio e enfraquecimento da musculatura na região da coluna por falta de exercícios físicos, pode causar dores agudas na região lombar. Assim, a má postura durante a realização das tarefas e posições incorretas seja no ambiente de trabalho, em casa, ou durante exercícios físicos contribuem bastante para o agravamento do problema. Dentre os movimentos e posições incorretas, podemos citar:

  • carregar peso em excesso ou de forma errada;
  • abaixar o tronco para pegar algum objeto com as pernas esticadas;
  • fazer rotação do corpo mantendo os pés parados no chão, ao invés de rodar todo o corpo;
  • realizar movimentos súbitos de flexão e torção do tronco;
  • pegar algum objeto em uma estante alta inclinando o corpo para trás;
  • execução errada de exercícios sobrecarregando a coluna, entre outros.

Deformidades e Degeneração

Ao contrário da dor muscular, a degeneração dos discos intervertebrais (estruturas amortecedoras de impacto entre os ossos da coluna) localizados entre as vértebras da coluna pode causar dor lombar crônica e até mesmo limitação dos movimentos na região lombar. Essa degeneração é causada pela perda da integridade dos discos com o passar dos anos. Os discos intervertebrais são responsáveis por manter a postura e permitir a flexão, alongamento e torsão da região da coluna lombar. À medida que vamos envelhecendo, eles se deterioram e perdem a capacidade de amortecer as pressões e desgastes. Consequentemente, os discos desidratam, perdem altura e falham ao absorver os impactos do dia a dia, ocasionam uma maior rigidez nos movimentos e, com isso, a dor. Em casos de alterações mais graves, as articulações podem crescer (hipertrofia) e comprimir nervos, podendo causar dores, principalmente, para ficar em pé. Algumas deformidades estruturais na região como a escoliose (curvatura da coluna vertebral) e a lordose (curvatura excessiva da coluna na região lombar) também podem causar dores na lombar.

Idade

Apesar de inevitável, esse é outro fator que ao longo do tempo, vai fazendo com que os ossos, os discos, os ligamentos e as articulações comecem a sofrer com o desgaste e uso, nos tornando assim, mais propensos à dor lombar. A maioria das pessoas a partir dos 30 anos já começam a apresentar alterações degenerativas na coluna e, como vimos acima, podem sentir dores quando esses desgastes inflamam. Normalmente, a cartilagem das articulações se desgastam ocasionando um maior atrito entre elas, e com isso podem ocorrer inflamações.

Tensão ou distensão muscular

A tensão ou distensão muscular devido ao uso excessivo, má postura e levantamento de pesos excessivos podem causar dor lombar. O estiramento de um músculo ou ligamento é a causa mais comum de dor lombar aguda. Normalmente, a tensão ou distensão muscular é causada pela má postura ou movimento brusco, durante um exercício na academia, agachar incorretamente para pegar um objeto ou girar o tronco bruscamente, que causam pequenas lesões nos músculos das costas e provocam um processo inflamatório. Além disso, podem ocorrer também espasmos musculares que, embora dolorosos, costumam desaparecer dentro de poucos dias ou semanas. Caso a dor lombar não seja incapacitante, o melhor a fazer é evitar tensionar o local por alguns dias para que a dor passe por conta própria. Se a dor persistir por três ou quatro dias, procure um médico.

Traumas

Os traumas, principalmente por esportes de contato, quedas e acidentes (domésticos ou automobilísticos) podem lesionar os músculos, ligamentos e tendões, provocando dor lombar. Choques mais intensos também podem comprimir a coluna vertebral, provocando uma ruptura ou ocasionando uma hérnia nos discos intervertebrais. Todos esses fatores contribuem para o aparecimento da dor lombar.

Hérnia de disco

A hérnia de disco é outra causa muito frequente de dor lombar. Isso acontece quando a parede do disco não consegue segurar o seu conteúdo interno e se rompe, ocasionando um deslocamento deste para fora do espaço discal e a compressão de um ou mais nervos, irradiando a dor para as pernas e virilha. Neste caso, a hérnia de disco acarreta um problema ainda maior, a dor ciática ou ciatalgia, uma dor lombar acima das nádegas, perto da bacia ou dos rins.

Osteofitose

A osteofitose, popularmente chamada de bico de papagaio, é um tipo de artrose que desgasta as articulações da coluna e leva à formação de estruturas ósseas rígidas, alongadas, semelhantes ao bico de uma ave. Normalmente, bicos de papagaio causam instabilidade na coluna e muitas dores ao pressionarem os nervos.

Radiculopatia
A radiculopatia é uma inflamação, compressão ou lesão de uma raiz nervosa. Isso ocorre quando um disco vertebral se rompe ou se projeta para os lados pressionando o nervo e causando dor, formigamento e até amortecimento do local ou de outra parte do corpo ligada ao nervo. Pode também ocorrer em casos de estenose espinhal (estreitamento do canal vertebral que pode causar dor e sensação de amortecimento ao andar).

Ciática
A dor ciática ocorre durante a compressão do nervo ciático, um nervo longo e espesso do corpo humano que percorre o caminho dos glúteos até a porção posterior da perna. Quando comprimido a dor se irradia para a região lombar, pernas ou até mesmo para os pés. Casos mais graves de dor ciática, quando o nervo é pressionado entre o disco e o osso adjacente, podem levar ao amortecimento do local, e causar dores seguidas de fraqueza muscular.

Dor lombar: Diagnóstico

Para determinar a lombalgia e o tratamento mais adequado para a sua condição, o médico especialista em coluna poderá fazer uma anamnese durante a consulta médica e combiná-la a um exame físico. Em algumas situações há necessidade da realização de exames de imagem (como radiografia, ressonância magnética ou tomografia), de sangue ou biópsia para verificar com mais eficiência as possíveis causas da dor lombar. Em caso de dor lombar, procure um especialista se:

  • apresentar dores nas costas por mais de uma semana;
  • haver dores insuportáveis na região dos rins e impossibilidade de se movimentar sem dor (podem ser cálculos renais);
  • tem histórico na família de câncer de pulmão, mama ou de próstata, com dor lombar sem motivo aparente;
  • notar que a dor lombar só piora;
  • sentir dores, amortecimento e formigamento que irradiam até as pernas;
  • apresentar dor repentina ou fraqueza nas pernas e pés;
  • perder o controle da bexiga e dos intestinos associados às dores na lombar;
  • perceber que a dor lombar dificulta o caminhar e a realização das tarefas diárias;
  • estiver fazendo tratamento prolongado com corticosteróides ou hormônio da tireóide e notar o surgimento repentino de dor lombar (perigo de osteoporose em pessoas de meia-idade).

Dor lombar: Tratamentos

Normalmente, o tratamento para a dor lombar é conservador. Com exceção de casos mais raros e graves, como a síndrome da cauda equina ou hérnia de disco, entre outros. Isso porque a maioria dos casos regride apenas com repouso e medicamentos que controlam a dor lombar e aliviam os sintomas. Assim, o tratamento para a dor lombar que não esteja relacionada a complicações mais sérias consistirá de:

Repouso parcial

Apesar de repouso total já ter sido o principal tratamento para dores nas costas, ficar na cama é contra-indicado, pois acaba acarretando ainda mais dores. O melhor é se manter em movimento, para que seus músculos não atrofiem. A dica é tomar um cuidado maior com os movimentos que possam agravar a dor, já que é um período menos ativo.

Segundo estudos clínicos, a permanência na cama por período prolongado pode causar perda de massa muscular, agravando ainda mais o quadro, enquanto que manter as atividades diárias mesmo na presença das dores na lombar continua a dar flexibilidade na coluna.

Além disso, já há evidência de que o repouso absoluto pode levar ao surgimento de coágulos sanguíneos, depressão e agravamento das dores. Portanto, a orientação é não ficar na cama por mais que dois dias, e não mais que algumas poucas horas. Sempre que possível colocar um travesseiro sob os joelhos, para diminuir a pressão sobre a região lombar, e alternar posições sentada e em pé.

Compressas quente e frias

Compressas de calor ou frio costumam ser uma boa opção de tratamento não-medicamentoso para a dor lombar. A compressa fria ou com gelo irá anestesiar os nervos da área afetada, promovendo a contração dos vasos sanguíneos e reduzindo o inchaço, podendo inclusive causar um amortecimento do local dolorido. São mais eficazes se utilizadas nas primeiras 24-48 horas após a lesão, por várias aplicações diárias de 20 minutos cada.

Imediatamente após e nos primeiros dois dias após uma lesão é melhor usar compressas frias ou um pano envolvendo algumas pedras de gelo, e não de calor. Isso pode aliviar a dor e mesmo reduzir o inchaço. Já as compressas de calor podem ter efeito contrário nesta fase inicial das dores, uma vez que temperaturas elevadas aumentam o fluxo sanguíneo da área afetada, aumentando assim o desconforto.

Portanto, quando não houver trauma aparente, pode-se utilizar a compressa quente, pois o calor relaxa o músculo e traz alívio para a dor lombar crônica, ajudando no processo de cicatrização. Caso observar que a compressa quente esteja aumentando a dor, interrompa o tratamento por dois dias antes de aplicar calor ou frio no local novamente.

Massagem

Sessões de massagem, passada a fase de dor aguda, ajudam a relaxar a musculatura e liberam endorfinas que aliviam a dor. Caso não tenha acesso a um especialista, um companheiro ou familiar pode apertar a musculatura da região ou fazer uso de uma bola de tênis embaixo do corpo para apertar os músculos que se encontram tensos.

Alongamentos

Alguns exercícios simples de alongamentos podem ajudar a relaxar a musculatura e evitar que os músculos fiquem muito rígidos ou atrofiados, causando mais dor lombar.

Fisioterapia

Um fisioterapueta pode passar alguns exercícios leves capazes de fortalecer a musculatura da região abdominal, a fim de aumentar a mobilidade e a flexibilidade. Só isso já é capaz de melhorar o quadro de dor lombar crônica durante todo o processo do tratamento. No entanto, não tente fazer sozinho, pois alguns movimentos podem piorar a dor lombar ou inflamar ainda mais a região. Procure um especialista antes de iniciar as atividades.

Atividade física

Caso a atividade física não cause dor, não é preciso suspendê-la, apenas diminua a intensidade. A atividade física ajuda a fortalecer os músculos e a deixá-los mais flexíveis, favorecendo a cicatrização das lesões. Mas, caso a dor seja intensa, principalmente durante ou após os exercícios, é melhor suspendê-los até que a dor passe. Converse com um especialista a fim de adaptar os exercícios.

As caminhadas são uma forma excelente de retorno à atividade física. Comece com pequenas distâncias e em terrenos planos, alternando alguns metros caminhados com alguns minutos sentados.

Medicamentos

Para o alívio da dor lombar, alguns medicamentos podem ajudar. Como por exemplo, o paracetamol, aspirina, ibuprofeno, diclofenaco, naproxeno. Esses remédios reduzem também as inflamações, além de controlar a dor. Mas, lembre-se de não se automedicar. Somente um médico poderá prescrever o melhor remédio para tratar sua condição.

Alimentação

Manter uma alimentação saudável e equilibrada, rica em alimentos anti-inflamatórios é fundamental não só para manter saúde, mas para ajudar a minimizar as inflamações e desconfortos causados pela dor lombar.

Dor lombar: Prevenção

Como a dor lombar não é uma doença, mas um sintoma de quadros clínicos diferentes, a sua prevenção ainda é o melhor tratamento. Independentemente da sua faixa etária e da sua condição, existem medidas que podem ser tomadas para prevenir ou reduzir a incidência de episódios de dor lombar. São elas:

  • Cuide do seu peso e evite a obesidade;
  • Cuidado com a postura, tanto durante o dia ao desempenhar qualquer atividade, quanto ao dormir;
  • Evite permanecer em pé, sentado ou curvado por longos períodos de tempo;
  • Pratique exercícios que fortaleçam a musculatura abdominal e alongue-se frequentemente, principalmente antes das atividades físicas;
  • Dobre os joelhos, e não a coluna ao se abaixar;
  • Evite sapatos de salto alto ou instáveis, dê preferência aos de solado baixo e macio;
  • Caso trabalhe sentado, faça pequenas pausas a cada 50 minutos para caminhar e alongar a coluna;
  • Não durma em colchão excessivamente mole ou duro;
  • Mantenha um consumo adequado de cálcio;
  • Sente-se sobre os glúteos, e não sobre a lombar;
  • Beba muita água, hidrate-se sempre;
  • Evite o cigarro.

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