Antropologistas acreditam que a cafeína (substância encontrada em elevadas concentrações nos Energéticos) provém da Era Paleolítica, tendo sido descoberta em meados de 700 mil a.C, na Etiópia.
Atualmente, a cafeína pode ser encontrada em vários alimentos e bebidas mundialmente consumidos, principalmente refrigerantes e energéticos. A cafeína é uma substância vasoconstritora, que pode causar elevação da frequência cardíaca e elevação da pressão arterial, podendo ocasionar arritmias cardíacas e sérios problemas ao aparelho cardiovascular do atleta.
Simplificando. A cafeína é uma Metilxantina que é absorvida rapidamente pelo trato gastro intestinal. Assim que absorvida, ela atinge o pico plasmático em 30-45 min. Tem efeito vasoconstritor e causa estimulação do sistema nervoso central, e paralelamente, atua sobre a concentração de Dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer.
A cafeína, em pequenas doses, não é deletéria ao coração. Por exemplo, uma xícara de café contém aproximadamente 95 mg de cafeína. Pequenas doses não causam arritmias, mas aumentam a frequência cardíaca em torno de 5 a 10 batimentos por minuto. Há alguns energéticos no mercado mundial que contêm doses superiores a 400 mg.
Nosso coração, em cada batimento, “contrai e relaxa “, ou seja, ocorrem sístole e diástole a fases do ciclo cardíaco. Durante a sístole, nosso coração ejeta sangue para a aorta e daí para as carótidas (artérias que levam o sangue para o cérebro) e da aorta, para o restante do corpo. Já na fase de relaxamento, a chamada diástole, ele “se enche”. O coração precisa se encher para poder ejetar o sangue que irá levar nutrientes e oxigênio para todo o corpo.
Para que ocorra uma “diástole satisfatória”, a frequência cardíaca não pode ser tão elevada, pois assim, não haverá “tempo” do coração se encher de sangue! O órgão passa então a se contrair com a câmara “quase vazia”, o que prejudica todo o corpo! Outro importante fator é que, para que ocorra a irrigação do miocárdio, nome dado ao músculo cardíaco, as artérias coronárias precisam encher-se de sangue, e elas se enchem na fase de relaxamento, ou seja na diástole.
O músculo cardíaco sendo “mal irrigado” pode ocasionar isquemia (hipoperfusão) e gerar infarto do miocárdio, arritmias graves e até óbito! Estudo internacional mostrou que jovens saudáveis que ingeriram elevadas doses de energéticos apresentaram uma alteração no eletrocardiograma que se chama prolongamento do intervalo QTc. Esse aumento é reconhecidamente um marcador do aumento do risco cardiovascular para arritmias graves.
Alguns energéticos possuem concentração de cafeína muito superior ao que é considerado “seguro” pelo FDA (“Food and Drug Administration” – órgão americano que controla os alimentos e medicamentos nos EUA). Por terem sabor adocicado, eles vêm ganhando cada vez mais adeptos no meio jovem. Além disso, diversos atletas estão utilizando como “fonte energética “, durante provas esportivas, o que não traz benefício algum nesse sentido. Também não deve ser usado como isotônico!
O uso do energético associado a bebidas alcoólicas é outro ponto de atenção. Esta junção potencializa os efeitos deletérios dos energéticos ao coração! Portanto, fica aqui a nossa orientação: # saia do asfalto, mas sempre com segurança!!! Seu coração agradece!!!!
Dra. Cristina Gama
CRM-MT 5698
-Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia
-Aperfeiçoamento em Ecocardiografia – Mayo Clinic, Rochester – USA
-Diretora técnica Médica da Clínica ICTUS Cordis Check – Up
-Médica responsável pelo primeiro exame de Ecocardiografia intra operatória em Cirurgia cardíaca do Estado de MT
-Atleta amadora e amante do Ciclismo!
-Fã das competições do ULTRAMACHO
– 65 | 3054-5656