O Colégio Americano de Medicina do Esporte (American College of Sports Medicine) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças publicaram um relatório com o propósito de orientar os tipos e quantidade de atividade física que uma pessoa precisa para se tornar e manter-se saudável. Mas antes da pessoa começar ou retomar a sua prática esportiva, uma avaliação médica é fundamental!
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) publicada pelo Ministério da Saúde mostrou que um a cada dois adultos não pratica o nível de atividade física recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Além disso, as pessoas sedentárias têm de 20% a 30% mais risco de morte por doenças crônicas, como doenças do coração e diabetes, que as pessoas que realizam ao menos 30 minutos de atividade física moderada, cinco vezes por semana.
Como saber o que é considerado uma atividade física de moderada intensidade aeróbica?
Uma forma simples de se conhecer é o exemplo de uma caminhada em um ritmo mais acelerado, mais vigoroso, onde você consegue notar uma elevação de sua frequência cardíaca, fazendo isso por no mínimo 30 min. Que cada trecho deste de maior intensidade no seu esforço físico dure pelo menos 10 minutos ou mais.
Já a atividade física de vigorosa intensidade pode ser exemplificada por corridas que causam rápida elevação de sua frequência respiratória e uma elevação substancial de sua frequência cardíaca. Salientamos também a importância de o adulto incluir atividades que mantenham ou aumentem a sua força muscular.
Segundo a American Heart Association e o American College of Sports Medicine, a prática de atividade física habitual reduz o risco de doenças coronárias, mas a atividade física de muito vigorosa intensidade aumenta o risco de morte súbita cardíaca e infarto agudo do miocárdio em pessoas suscetíveis.
Essa palavra “suscetível “será a base de nosso artigo!
Como saber se sou ou não uma pessoa suscetível a um evento cardíaco durante a prática do meu esporte ?ANTES dessa resposta temos que diferenciar dois grupos de pessoas, o grupo de esportista: caracterizado por indivíduos adultos que praticam atividades físicas e esportivas de maneira regular, de moderada a alta intensidade, competindo eventualmente, porém sem vínculo profissional com o esporte e o grupo dos atletas: caracterizado por indivíduos que praticam atividades físicas e esportivas de maneira regular e profissional, competindo sistematicamente, com vínculo profissional com o esporte por meio de clubes e/ou patrocinadores de qualquer natureza. Esse grupo trabalha sempre na busca de superação de limites e recordes, submetendo-se frequentemente a cargas de treinamento de altíssima intensidade, que os colocam invariavelmente sob estresse físico e psíquico intenso.
São grupos totalmente distintos e o cardiologista deverá saber conduzir cada qual de forma individualizada.
Publicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte diz que devido à baixa prevalência de condições capazes de desencadear morte súbita durante atividades esportivas e a grande população de praticantes existentes no país, muito tem se debatido sobre qual seria o modelo de avaliação com melhor custo-benefício.
Enquanto algumas sociedades como a American Heart Association defendem a simples aplicação de um questionário e exame físico, acreditando que o custo financeiro e psicológico atrelado a resultados falsos positivos na realização de exames complementares não justificariam os benefícios que poderiam ser encontrados, outras, como a Sociedade Europeia de Cardiologia, reforçam a utilização de métodos diagnósticos complementares, pois sua realização tem capacidade de modificar a incidência de morte súbita na população de atletas.
A associação de eventos agudos cardíacos geralmente ocorre em indivíduos com doença cardíaca estrutural. Estratégias como se fazer um “screening” nos pacientes antes que comecem a participar de provas esportivas ou até mesmo antes que comecem a fazer atividade física , excluindo assim os pacientes de alto risco para certas atividades , orientando os também para possíveis sintomas de pródromos, como por exemplo, vertigens, dor torácica, tonteira , ânsia de vômito , desmaio ao se fazer atividade física e os orientando que a manifestação de tais sintomas e sinais não são normais e que necessitam serem avaliados por um médico.
Check-up é de suma importância para se afastar doenças cardíacas!
Antes de se iniciar ou mesmo retomar a prática de atividade física é importante realizar uma avaliação médica com um cardiologista, para saber qual o seu real estado de saúde. Avaliações simples com uma rotina básica como exames de sangue podem identificar doenças como Diabetes Mellitus, infecções, quadros de anemia e outros. Um eletrocardiograma convencional pode dar pistas de alterações estruturais cardíacas e desta forma uma propedêutica, uma investigação mais detalhada se fará necessária.
Cada atleta tem um histórico familiar, uma história pregressa individualizada e com uma boa avaliação com seu cardiologista novos exames poderão ser solicitados como um Ecodopplercardiograma onde é realizado um ultrassom do coração e pode-se afastar a principal causa estrutural de morte súbita em atletas.
Nem sempre são necessários inúmeros exames, cada pessoa deve ser avaliada individualmente
Um exemplo é o caso de pacientes hipertensos que querem fazer atividade física. Estes necessitam de cuidados especiais uma vez que não é qualquer medicamento que se usa para tratar a hipertensão arterial que deve ser dado para atletas. Alguns pacientes necessitarão da realização de teste ergométrico, onde é possível observar como a pressão arterial do atleta se comporta, como seu ritmo cardíaco se manifesta quando submetido a tempos longos de corrida. Não basta somente olhar a frequência cardíaca. A pressão arterial do atleta quando submetido a um esforço físico é crucial para que ele não apresente risco de eventos cardíacos.
Enfim, o seu médico pode ser o seu” amigo do peito” e cuidará de você orientando-o no que lhe é seguro, na prática esportiva. Lembre-se de fazer um check-up antes de iniciar ou retomar qualquer atividade física.
Referências:
-Updated Recommendation for Adults from the American College of Sports Medicine and American Heart Association
– Exercice and Acute Cardiovascular Events – “A Scientific Statement from the American Heart Association Council on Nutrition, Physical Activity , and Metabolism and the Concil on Clinical Cardiology – Circulation
– Diretriz em Cardiologia do Esporte e do exercício da SBC e da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Esporteo