21 de novembro de 2024

Pare de treinar só o corpo, treine também o cérebro!

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Treinar para se tornar um bom corredor vai além do esforço físico. É fundamental estar atento, também, ao esforço mental. Muitos corredores não dão tanta importância ao treinamento do cérebro, mas é exatamente essa a diferença quando pensamos em resultados.

Ter agilidade mental, raciocínio lógico, criatividade, autoconfiança, concentração e autoestima elevada são detalhes importantes também para um corredor.
Neste exato ponto, entra em cena a neurociência, o estudo científico do sistema nervoso humano. Através do desenvolvimento desse campo da ciência, verificou-se que uma pessoa bem treinada física e mentalmente está mais apta a conquistar os resultados desejados.

Nós corredores, em geral, exercitamos muito do pescoço para baixo, mas é preciso trabalhar a cabeça também. “O corpo é um todo integrado e as habilidades mentais e fisiológicas se influenciam mutuamente. A concentração pode ser treinada e o exercício mental ajuda a superar limitações físicas”, diz o psicólogo Emílio Takase, coordenador do Laboratório de Neurociências do Esporte da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Hoje, a neurociência vem cada vez mais fazendo parte da vida de esportistas que querem ter um melhor desempenho e, nós corredores, não podemos fugir disso.
O ato de treinar significa ficar concentrado em todas as situações em que seu organismo age e reage com o intuito de ser o mais eficiente possível. Por exemplo, ao sair de uma intensidade moderada para forte, seu corpo precisa aprender e se adaptar a este novo cenário. Os movimentos dos braços acompanhando as passadas mais largas, que demanda postura “mais encaixada”, que exigem melhor sincronia da inspiração e expiração e por aí em diante.

A tendência é tornar toda essa movimentação melhor condicionada, o que permite a automatização dos impulsos nervosos necessários para que sua corrida fique mais eficiente e econômica. Se você perde o seu centro ou entra disperso em um treino ou competição, provavelmente o rendimento será prejudicado. Muitas pessoas têm dificuldades em manter a concentração durante muito tempo. Outras são mais centradas e sofrem pouca influência do meio.

Por esta razão que muitos treinadores não gostam quando corredores ouvem música durante sua sessão de treinos. A música, por exemplo, pode servir como fator de distração pelo menos no início, quando temos de nos conectar com todos os nossos movimentos e também o ambiente que nos cerca.

Imagine-se num parque movimentado. Concentrar-se significa olhar ao redor para encontrar seu espaço e desviar de obstáculos, sentir o frio, o calor, o vento, os cheiros e o próprio barulho do contato dos seus pés com o solo. O “tap, tap, tap” pode mudar de freqüência se você aumenta a intensidade da corrida por exemplo. Depois de certo tempo de treinos, você consegue integrar corpo, mente e ambiente. Talvez essa seja o momento para treinar e ouvir música ao mesmo tempo. Ela pode deixar de ser uma distração e ser parte integrante dessa harmonia.

Desafie seu cérebro

O ganho em performance proporcionado pelo treinamento cerebral tem se mostrado significativo no desempenho de inúmeras modalidades esportivas. Tudo isso foi fortalecido pela descoberta de que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões em qualquer idade desde que seja treinado.

Para que, nós corredores, tenhamos todos os benefícios pregados pela neurociência, é preciso ir além dos nossos treinos diários. Por exemplo, exercícios com a bola reativa, que quando cai no chão você nunca sabe para onde ela vai, exercícios de agilidade, como reagir a estímulos luminosos, estar correndo e ao mesmo tempo resolver problemas matemáticos.

Não podemos esquecer os exercícios respiratórios e de mentalização onde nos colocamos em todas as possíveis situações positivas e negativas que podem acontecer em uma prova. Ou até mesmo durante o treino para que você tenha ferramentas importantes na busca da harmonia corpo e mente que todos nós desejamos atingir.

Se quiser sair completamente do físico, alternativas como palavras-cruzadas, cálculos com o ábaco ao invés da calculadora, estudar novos idiomas, realizar quebra-cabeças são boas sugestões.

Esses “exercícios cerebrais” estimulam a produção de neurotrofinas, espécie de nutrientes do cérebro que aumentam a quantidade e a qualidade das sinapses, incrementando a capacidade de processamento. Isso leva a produção de benefícios a curto (desenvolvimento de habilidades e inteligências) e longo prazo (maiores reservas cognitivas).

Como é possível perceber ao fortalecer o nosso físico é fundamental para se ter uma vida saudável, de bem-estar e equilíbrio. Complementar a corrida com exercícios cerebrais pode nos aproximar ainda mais de um dia-a-dia de plena qualidade de vida com ganhos em concentração, autoconfiança, criatividade, raciocínio rápido, por exemplo. Isso levará definitivamente sua corrida a um patamar mais elevado.

Aulus Sellmer
Bacharel em Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFEUSP) com especialização em treinamento desportivo pela USP, marketing esportivo pela UCLA Berkeley EUA e administração esportiva pela FGV-SP.

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